domingo, 1 de maio de 2011

Falsidade ideológica

            A que jurou amor eterno ao morrer em meus braços. Fake. Vai da cor do cabelo ao bronzeado como se fosse inglesa, como se tivesse classe, como se viesse a ter, se pudesse ter. Ela usa e abusa. Reza e peca. Ela não sabe ser nem ao menos ela. Nunca chegou nem perto dos padrões de beleza impostos, mas sempre tentou, forçou, ser bela. Caí naquele papo. Aquela conversa mansa e descolada de quem sabe jogar. Nunca direta, sempre incerta. Nunca  jogou uma peça sem pensar nas vias do tabuleiro. Fria? Mais quente do que se imagina, é daquelas que frequentam geladeiras em busca de esfriar seus desejos mais quentes. Tem risadas ensaiadas descontraídas, bunda e seios utilizáveis, tudo que gostamos. Quase tudo. Ela sofre de amor, perde a linha como qualquer outra, mas cheia de limites. Tem limite pro transborde. Torna-se insuportável. Tem a premissa de ser canonizada, aposto! Alguns ainda acreditam, outros conhecem. Coca-Cola, gás! Ela teve diversas ações de afeto não ensaiadas. Demonstra-se ser tão sincera e honesta, assume alguns acontecidos em busca da compreensão alheia, ela previne a colisão. Uma safada. Quem não é? Ela é safada santa. Debocha de você, com rabo e auréola  sabe bem como te atacar, é sua amiga, tá. Confunde qualquer um para livrar sua própria culpa. Confundiu-me. Mais ou menos. Tive motivos, ela pouco sabe, ela não sabe da missa nem a meta... ah, ela é protestante. Diz-se ser.
            Ela a tinha como dominadora, foi eu quem mandei no jogo. Desconsertei-a. Fiz-me de apaixonado, sofredor, Tristão. Era só chegar em casa para usar minhas mãos. Sou frio sem geladeira. Sei ser quente sem ela. Meu texto é perfeito, falas certeiras, personagem belíssimo. Literatura pura. A diferença entre nós está exatamente no que diz respeito à interpretação, eu sou ator, ela não. Sou do improviso com sucesso, ela nunca notou. Chegou a cair nas minhas redes, eu quis. Desquis. Mais uma atuação necessária. Eu sou o autor deste livro, não ela, sou o mocinho sofredor autor indutivo. Crente, crente que tomava decisões, pensava que guiava, completamente induzida. Não fiz tudo o que queria, confesso, mas sei o quanto é importante um bom fim. Sou o mocinho do livro. Ela, vilã, indecisa, dúbia, temperamental, insatisfeita, rancorosa e má. "I gotcha!  Você quer Bis?''

Um comentário:

Maria Clara disse...

Quero Bis! Quero Bis! Quero Bis!
Esse tom... rum rum

bjos!

''(...)Ninguém quer confissões aqui.
É mesmo melhor continuar escrevendo
essas frases curtas, que assim amontoadas, dão um ar de coisa, coisa pensada,
e nem é, sabe? nem é importante...
Só um pouquinho importante,
um pouquinho,
como se ela bebesse um copo de uísque
e fumasse um marlboro e mandasse uns 3 tomarem no cu,
é mais ou menos isso,
isso aqui,
que não pretende ser confissão, nem lembrança,
nem emocionante, nem inteligente, nem valerá a página
que será impressa.
Tem a premência de salvar, mas não é uma bóia, não provoca epifânias, e por isso nem é inspiração.
Não provoca nada.
Ocupa. Aqui todo mundo precisa estar ocupado,
quando dá essa vontade louca de morrer, é bom fingir ser um poeta. É. É melhor continuar escrevendo.
Pronto. Ela já não quer mais se matar.
Por enquanto acredita, acredita mesmo,
ser indispensável.''

(Fernanda Young - Dores do Amor Romântico)

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