segunda-feira, 25 de abril de 2011

Auto-ajuda

Definitivamente nada consegue me acalmar. Você sabe o que é ser obsessivo compulsivo depressivo? Acho que não. Você escreve livros, livros, livros, livros e artigos. Todos bem divulgados. Todos nos melhores jornais. Todos nas melhores livrarias. Todos nas melhores colunas. Carrega alguma culpa em sua coluna? Tenta irritantemente livrar os pesos das colunas alheias para reerguer a própria. Acha-se mesmo possuinte desse poder incrível? Não chega nem mesmo a duvidar se há poder ou há fraqueza? Você usa qual dicionário? Melhoramentos? Ou já existe um específico para sua literatura? Você pouco xinga, não briga, não se estressa, você tem sistema nervoso? Pois é, já desconfiava, não é humano. Você pensa positivo? Você é positivo - muitos acham, inclusive eu. Acho você positivo. Positivo como aqueles exames em que este é o pior resultado. Li isso em algum livro da Fernanda Young. Desculpa, você é um ignorante quando a literatura não é positiva, não é? Não, não, me esqueci, você não lê sua própria literatura. Você lê?  
Estou seriamente pensando em ler mais sua obra, ser mais positivo, escrever coisas positivas, afinal, assim, meu saldo no banco nunca mais será negativo. Não é que seus livros funcionam - ao autor. Agora entendo o sentido dessa nomenclatura, auto-ajuda, te ajudou, não?  Agora você escreve. Escreve, não é? Ou muda palavras? Sinônimos agradáveis que 99,9% da população deseja senti-las na própria vida e acham que as encontram ao lê-las unidas superficialmente em seus livros. Mas você não era o rebelde dos anos 70? Converteu-se? A demanda não é mais a mesma, é.... Não dá pra ser o roqueiro dos anos 70 na era da depressão, certo? Qualquer velho babão de merda se torna excêntrico agora, caso saiba escrever - juntar palavras. Fama. Dinheiro. Positividade. 
Me emociono. Entrar na academia brasileira de letras, seu sonho, realizou? Entrar em academia para você é fácil, te encontro em vários lugares: ônibus, metrô, rua, livraria, academias, em todos os lugares mais frágeis. Ô porra, que coincidência. Você não deve estar nem aí para essas palavras, esse texto, essa carta aberta aos destinatários de merda como você. Olha que bacana, estou me sentindo bem melhor agora, note bem, eu xinguei, reclamei, debochei, usei negação. Mas fale, faço menos sucesso. Eu sei. Infelizmente ainda há mais destinatários que remetentes para esta carta, o Brasil se divide, a parte branca da bandeira se expressa aqui, a verde compra teus livros, por enquanto - espero. Sou louco, compulsivo, obsessivo, mas sou pensante. Me distraí. Pronto, mais calmo.

5 comentários:

SOUZA, L. S disse...

De auto ajuda por auto ajuda, acho que já me ajudei.

Maria Clara disse...

Ufa! Acho que isso foi um desabafo! Fato! =)

Giselle Machado disse...

Mariazinha aqui, linda!!

auto-ajuda só ajuda o bolso do escritor rsrs

as pessoas tem necessidade de ver escrito o que elas já sabem que tem q fazer... é como se precisasse que alguem te dizesse, acho q é necessidade de se sentir compreendido... mas pra mim, por outro lado, se identificar com auto-ajuda é o mesmo que comprar uma blusa de magazine, vc só veste um molde pré fabricado, aquela peça não foi feita pra especialmente pra vc...

Wes disse...

Gi, Pois é, é mais fácil viver vida pronta que inventar tudo de novo.

Wes disse...

Maria, Desabafo da parte branca da bandeira.

''(...)Ninguém quer confissões aqui.
É mesmo melhor continuar escrevendo
essas frases curtas, que assim amontoadas, dão um ar de coisa, coisa pensada,
e nem é, sabe? nem é importante...
Só um pouquinho importante,
um pouquinho,
como se ela bebesse um copo de uísque
e fumasse um marlboro e mandasse uns 3 tomarem no cu,
é mais ou menos isso,
isso aqui,
que não pretende ser confissão, nem lembrança,
nem emocionante, nem inteligente, nem valerá a página
que será impressa.
Tem a premência de salvar, mas não é uma bóia, não provoca epifânias, e por isso nem é inspiração.
Não provoca nada.
Ocupa. Aqui todo mundo precisa estar ocupado,
quando dá essa vontade louca de morrer, é bom fingir ser um poeta. É. É melhor continuar escrevendo.
Pronto. Ela já não quer mais se matar.
Por enquanto acredita, acredita mesmo,
ser indispensável.''

(Fernanda Young - Dores do Amor Romântico)

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