quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Conversa comum à raça



-Hum, nossa, sinceramente ‘’god touched me’’, o que foi isso? O que está sendo isso? Preciso disso mais vezes. Posso fluir, posso levitar com a força do tesão adquirido. Só de pensar que hoje de manhã estava tremendamente atordoado com os problemas do trabalho, sou capaz de gritar ‘’foda-se’’ a tudo e a todos. Sinta, me dê sua mão, sinta meu corpo, sinta meu suor, sinta minha respiração, ainda ofegante.
-Sabe, estava pensando, como nós não fizemos isso antes? Tanto tempo próximos, mesmo que comumente, o nosso grau de intimidade, de amizade eu diria, sempre foi elevado. Me lembro de cada situação em que passamos, de momentos inacreditáveis.
-E cá entre nós, nunca estivemos felizes assim, na verdade sim, mas por estarmos de certa forma juntos, um perto do outro, nada que o momento e a companhia alheia ajudasse. Aquela vez, nós acompanhados, cada um com sua presa em um beijo qualquer, eu em uma mesa, você em outra, e o sorriso era só porque trocávamos olhares; o beijo, nem lembramos dele, ficou mesmo o nosso olhar, não é?
-Verdade, aquele e muitos outros momentos, eram momentos nossos, só estávamos ali por estarmos juntos. Hoje, tudo foi materializado aqui, no seu quarto, o que acontece em quatro paredes ninguém nem imagina. Todos tão sociais, todos tão comportados em público, todos tão excitados mentalmente, vorazmente capazes de agarrar quem na calçada ao lado passe. Mas tudo fica no imaginário, mas tudo entra na real de quatro, quatro paredes.
- Há mais coisas entre quatro paredes que a nossa vã percepção pode alcançar, há mais coisas entre eles do que eles podem demonstrar. Transamos intensamente faz 5 horas, e o que as pessoas fazem nesse tempo se não estão entre paredes, digo, paredes apropriadas? Bem, algumas eu sei, eles lá embaixo na sala. Eles pensam: estão no quarto conversando putaria comum à raça, enfim, você sabe.



Wes B. - 2009

3 comentários:

Existenciofrênico disse...

Sexo cru e real. Vc sabe que me intimida.

Achei perfeito, de verdade.

Wes disse...

a intenção é essa, eu sei que intimida todos, aprenda a n se initmidar! rs

Adilson Jr. disse...

O sexo começa no olhar. As paredes não precisam ser concretas. Sexo é que se conversa, comum à raça. O que se faz, o que se produz entre paredes psicológicas ou não, é o prazer.

''(...)Ninguém quer confissões aqui.
É mesmo melhor continuar escrevendo
essas frases curtas, que assim amontoadas, dão um ar de coisa, coisa pensada,
e nem é, sabe? nem é importante...
Só um pouquinho importante,
um pouquinho,
como se ela bebesse um copo de uísque
e fumasse um marlboro e mandasse uns 3 tomarem no cu,
é mais ou menos isso,
isso aqui,
que não pretende ser confissão, nem lembrança,
nem emocionante, nem inteligente, nem valerá a página
que será impressa.
Tem a premência de salvar, mas não é uma bóia, não provoca epifânias, e por isso nem é inspiração.
Não provoca nada.
Ocupa. Aqui todo mundo precisa estar ocupado,
quando dá essa vontade louca de morrer, é bom fingir ser um poeta. É. É melhor continuar escrevendo.
Pronto. Ela já não quer mais se matar.
Por enquanto acredita, acredita mesmo,
ser indispensável.''

(Fernanda Young - Dores do Amor Romântico)

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